terça-feira, 25 de novembro de 2008
Excelente e intrigante história. Também bastante detalhada e com um final de fechar o livro com chave-de-ouro : "esposa e amigo tiveram o mesmo destino e enganaram a Bentinho". Eu acredito na traição de ambos-Escobar e Capitu-vamos e convenhamos que ela era uma sapeca, com tais olhos de ressaca, tais tão clássicos, que também é o detalhe que muito se destaca nesta história, os tais, tão conhecidos olhos de ressaca de Capitu.
A CRIAÇÃO DA PERSONAGEM CAPITU NA OBRA DOM CASMURRO
Maria Railma*
RESUMO: O presente trabalho trás uma pequena dissertação de como se dá a construção da personagem Capitu na obra Dom Casmurro. A princípio tem-se uma jovem determinada que sabe tomar decisões adultas, mas que, a partir da segunda parte da obra, passa a ser controlada e presa pelos ciúmes doentios de Bento Santiago, que a apresenta como uma mulher adúltera, que, segundo ele, o traiu com seu melhor amigo, Escobar.
PALAVRAS-CHAVE: Bentinho, Capitu, Escobar, Narrador.
Algumas considerações sobre a obra
Dom Casmurro foi publicado em 1899, quando começou a circular em sua forma completa e não mais em periódicos, como as outras obras de Machado de Assis. É uma obra que tem levantado várias críticas e hipóteses. Elas vão desde a “dissimulação” de Capitu, a não aceitação da traição da mesma.
A narrativa acontece dos fatos ocorridos no passado para o que está acontecendo com o narrador no presente, em que Bento Santiago conta sua infância e velhice. Todo o enredo gira, aparentemente, em torno de um triângulo amoroso – Bento – Capitu – Escobar. Pela fala do narrador-personagem é que conhecemos todos os outros personagens, inclusive Capitu, da qual falaremos mais à frente.
Na primeira parte da obra ele narra como surgiu a idéia de dar o nome de Dom Casmurro à sua narrativa. No primeiro capítulo já deixa uma pista do narrador que irá contar a história: alguém fechado, “chato”, e que gosta de dar ordens: “Não consultes dicionário”. Ou seja, para que soubéssemos apenas por sua ótica o que era o significado da palavra.
Esta também é a parte em que ele descreve sua família, o desejo de sua mãe de enviá-lo a um Seminário, pois esta era uma promessa de quando ele nasceu. Fala de D. Glória, sua alma caridosa: “Minha mãe era boa criatura” (MACHADO, 1998, p.21). Descreve o criado José Dias, que serviu de elo entre ele e Capitu em suas peripécias românticas.
Narra desde o início do namoro, sua ida ao seminário, o encontro com seu amigo Escobar, seu casamento, o nascimento do tão sonhado filho, até a possível traição e sua reclusão em uma casa com apenas um criado. São capítulos recheados de mistérios, dúvidas, pistas falsas, possíveis mentiras, enfim, uma obra perfeita construída por um dos maiores escritores que o país já teve.
Uma viagem por Capitu
O capítulo treze é primeira parte em que o leitor tem contato mais direto com a personagem, tanto que ele é intitulado “Capitu”. Aqui, a figura feminina dela começa a ser construída – ou melhor dizendo, “destruída”. A princípio, tem-se um rapazote – Bentinho – que treme ao ouvir a voz de sua amada.
A primeira impressão que o narrador nos dá é de uma menina desobediente, pois não atende ao chamado de sua mãe. É neste capítulo que o narrador deixa transparecer, propositalmente, o primeiro ato de “dissimulação” de Capitu, pois ela consegue disfarçar, correr e apagar o nome deles dois que ela havia riscado na parede.
Quando ele diz: “Todo eu era olhos e coração” (MACHADO, 1998, p. 29), mas em seguida dá ênfase ao “tudo eram olhos”, já que em seguida faz a descrição física de Capitu, confirmando que ele a discava como um objeto sexual, e não como uma pessoa que pudesse completá-lo.
No capítulo quatorze, ele a descreve como uma “analfabeta”, boba, que era inferior a ele. Esta afirmação pode parecer absurda, mas ele confirma isto quando diz:
Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e a adolescente conhecia as regras de escrever, sem suspeitar as do amar, tinha orgias de Latim e era virgem de mulher. (MACHADO, 1998, p. 31).
No trecho a cima ele refere-se ao escrito que Capitu fez com o no me dos dois e aproveita para alfinetar e destacar a posição social da menina, que era inferior a dele. O que acontece também na descrição do vestido que ela usava, feito de chita, tecido usado por pessoas de poder aquisitivo inferior. Esses são detalhes que poderiam ser omitidos, mas ele faz questão de descrever para mostrar seu poderio financeiro em relação a ela.
A primeira parte faz alusão a uma menina esperta, capaz de resolver problemas que, aos olhos de Bento, pareciam sem resolução, consegue enganar a todos e se sair de qualquer situação. Tais assertivas são confirmadas pelo fato de Capitu ter aproximado de D. Glória, cuidado em suas enfermidades e fizesse com que ela mudasse de opinião acerca de um futuro casamento com Bentinho.
Mais a frente, nota-se que o narrador fala de Capitu com u ar de inveja: “...mais mulher do eu era homem” (MACHADO, 1998, p.152), descreve a curiosidade fora do comum que a mesma tinha, e faz questão de repetir o termo “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”.
Os leitores mais atentos perceberão que El não só deprecia a imagem de Capitu como da mãe da mesma: “(...) e sorriu por dissimulação( ...)” (MACHADO, 1998, p.58), referindo-se ao fato de a mãe de Capitu ter fingido não ver o beijo dos dois. Um jogo do narrador para fazer com que o leitor caia na armadilha de pensar que a dissimulação fosse passada de mãe para filha. Ele vai lançando ao longo da narrativa este tipo de pistas, para que, quando o leitor chegar ao fim da leitura, já tenha condenado Capitu, bem como toda sua família. Ao falar isto o narrador dá a entender que a família de Capitu, por ser pobre, tinha interesses que ela se casasse com alguém rico -neste caso ele-, para isto fingiam não ver qualquer “ato suspeito” da filha.
No capítulo sessenta e seis a dissimulação de Capitu vem à tona. Ele admira-se por que ela engana a todos que está feliz pela ida de Bento ao Seminário. Toda esta descrição pode ser falsa, pois não dá para confiar em um narrador que confessa tudo que importar à sua história (MACHADO, 1998, p. 102). Seus ciúmes também podem ser infundados, pois desde adolescente ele desconfiava dos meninos da rua e sentia vontade de matar Capitu por qualquer motivo: “A vontade que me dava era cravar-lhe as unhas no pescoço, enterrá-las bem, até ver sair a vida com o sangue”. (MACHADO, 1998, p.109). Pensamento muito agressivo para um menino que se mostra como vítima ao longo da narração.
A construção da personagem na segunda parte da obra
Na segunda parte, Capitu passa de mulher decisiva a submissa. É aqui que ela torna-se objeto de Bento, garoto mimado, sagaz e rico. Na primeira parte da obra ela não aceitava a posição que a sociedade da época colocava a mulher no âmbito profissional. No entanto, não temos indícios que após seu casamento ela tenha tido algum profissão. Segundo Ingrid Stein:
...as informações que ele enumera sobre a personalidade, o caráter da esposa são truncadas e contraditórias. Apresentada como pessoa ativa, empenhada em defender seus interesses, astuciosa, e mostrada em cenas na infância e juventude que realmente comprovam, vemo-la depois do casamento mais como esposa meiga, carinhosa e cordata. (Figuras Femininas em Machado de Assis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984).
Capitu era aqui o objeto tão desejado por Bento Santiago. Ele mesmo afirma que não tinha prazer em sair com ela por que amava-a, mas em mostrá-la, como posse, a toda a sociedade: “Inventava passeios para que me vissem, me confirmassem e me invejassem”. (MACHADO, 1998, p. 138).
Por fim ele dá um jeito de livrar-se de Capitu, mandando-a para outro país, humilhando-a, obrigando-a a viver longe da pessoa que tanto amou-o e que ao fim da vida, por causa de um ciúme infundado, matou aos poucos a mulher que um dia ele tanto “fingiu amar”.
Considerações finais
Capitu, que por tantos anos foi uma mulher decidida, acaba por ser julgada e condenada, já que Bento era advogado, por um crime que talvez não tenha cometido. Acaba só em outro país implorando pela visita do marido, mas este não atendera.
Tantas têm sido as interpretações sobre esta personagem: “Não espanta, portanto, que a personagem pareça o que há de mais vivo no romance; e que a leitura dependa basicamente da aceitação da verdade da personagem por parte do leitor” (ROSENFELD org., A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2002). Assim, Capitu atravessará as gerações como uma das personagens mais enigmáticas de todos os tempos.
Referencias bibliográficas
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1998.
ROSENFELD, Anatol (org.). A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2002.
STEIN, Ingrid. Figuras Femininas em Machado de Assis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
Maria Railma*
RESUMO: O presente trabalho trás uma pequena dissertação de como se dá a construção da personagem Capitu na obra Dom Casmurro. A princípio tem-se uma jovem determinada que sabe tomar decisões adultas, mas que, a partir da segunda parte da obra, passa a ser controlada e presa pelos ciúmes doentios de Bento Santiago, que a apresenta como uma mulher adúltera, que, segundo ele, o traiu com seu melhor amigo, Escobar.
PALAVRAS-CHAVE: Bentinho, Capitu, Escobar, Narrador.
Algumas considerações sobre a obra
Dom Casmurro foi publicado em 1899, quando começou a circular em sua forma completa e não mais em periódicos, como as outras obras de Machado de Assis. É uma obra que tem levantado várias críticas e hipóteses. Elas vão desde a “dissimulação” de Capitu, a não aceitação da traição da mesma.
A narrativa acontece dos fatos ocorridos no passado para o que está acontecendo com o narrador no presente, em que Bento Santiago conta sua infância e velhice. Todo o enredo gira, aparentemente, em torno de um triângulo amoroso – Bento – Capitu – Escobar. Pela fala do narrador-personagem é que conhecemos todos os outros personagens, inclusive Capitu, da qual falaremos mais à frente.
Na primeira parte da obra ele narra como surgiu a idéia de dar o nome de Dom Casmurro à sua narrativa. No primeiro capítulo já deixa uma pista do narrador que irá contar a história: alguém fechado, “chato”, e que gosta de dar ordens: “Não consultes dicionário”. Ou seja, para que soubéssemos apenas por sua ótica o que era o significado da palavra.
Esta também é a parte em que ele descreve sua família, o desejo de sua mãe de enviá-lo a um Seminário, pois esta era uma promessa de quando ele nasceu. Fala de D. Glória, sua alma caridosa: “Minha mãe era boa criatura” (MACHADO, 1998, p.21). Descreve o criado José Dias, que serviu de elo entre ele e Capitu em suas peripécias românticas.
Narra desde o início do namoro, sua ida ao seminário, o encontro com seu amigo Escobar, seu casamento, o nascimento do tão sonhado filho, até a possível traição e sua reclusão em uma casa com apenas um criado. São capítulos recheados de mistérios, dúvidas, pistas falsas, possíveis mentiras, enfim, uma obra perfeita construída por um dos maiores escritores que o país já teve.
Uma viagem por Capitu
O capítulo treze é primeira parte em que o leitor tem contato mais direto com a personagem, tanto que ele é intitulado “Capitu”. Aqui, a figura feminina dela começa a ser construída – ou melhor dizendo, “destruída”. A princípio, tem-se um rapazote – Bentinho – que treme ao ouvir a voz de sua amada.
A primeira impressão que o narrador nos dá é de uma menina desobediente, pois não atende ao chamado de sua mãe. É neste capítulo que o narrador deixa transparecer, propositalmente, o primeiro ato de “dissimulação” de Capitu, pois ela consegue disfarçar, correr e apagar o nome deles dois que ela havia riscado na parede.
Quando ele diz: “Todo eu era olhos e coração” (MACHADO, 1998, p. 29), mas em seguida dá ênfase ao “tudo eram olhos”, já que em seguida faz a descrição física de Capitu, confirmando que ele a discava como um objeto sexual, e não como uma pessoa que pudesse completá-lo.
No capítulo quatorze, ele a descreve como uma “analfabeta”, boba, que era inferior a ele. Esta afirmação pode parecer absurda, mas ele confirma isto quando diz:
Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e a adolescente conhecia as regras de escrever, sem suspeitar as do amar, tinha orgias de Latim e era virgem de mulher. (MACHADO, 1998, p. 31).
No trecho a cima ele refere-se ao escrito que Capitu fez com o no me dos dois e aproveita para alfinetar e destacar a posição social da menina, que era inferior a dele. O que acontece também na descrição do vestido que ela usava, feito de chita, tecido usado por pessoas de poder aquisitivo inferior. Esses são detalhes que poderiam ser omitidos, mas ele faz questão de descrever para mostrar seu poderio financeiro em relação a ela.
A primeira parte faz alusão a uma menina esperta, capaz de resolver problemas que, aos olhos de Bento, pareciam sem resolução, consegue enganar a todos e se sair de qualquer situação. Tais assertivas são confirmadas pelo fato de Capitu ter aproximado de D. Glória, cuidado em suas enfermidades e fizesse com que ela mudasse de opinião acerca de um futuro casamento com Bentinho.
Mais a frente, nota-se que o narrador fala de Capitu com u ar de inveja: “...mais mulher do eu era homem” (MACHADO, 1998, p.152), descreve a curiosidade fora do comum que a mesma tinha, e faz questão de repetir o termo “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”.
Os leitores mais atentos perceberão que El não só deprecia a imagem de Capitu como da mãe da mesma: “(...) e sorriu por dissimulação( ...)” (MACHADO, 1998, p.58), referindo-se ao fato de a mãe de Capitu ter fingido não ver o beijo dos dois. Um jogo do narrador para fazer com que o leitor caia na armadilha de pensar que a dissimulação fosse passada de mãe para filha. Ele vai lançando ao longo da narrativa este tipo de pistas, para que, quando o leitor chegar ao fim da leitura, já tenha condenado Capitu, bem como toda sua família. Ao falar isto o narrador dá a entender que a família de Capitu, por ser pobre, tinha interesses que ela se casasse com alguém rico -neste caso ele-, para isto fingiam não ver qualquer “ato suspeito” da filha.
No capítulo sessenta e seis a dissimulação de Capitu vem à tona. Ele admira-se por que ela engana a todos que está feliz pela ida de Bento ao Seminário. Toda esta descrição pode ser falsa, pois não dá para confiar em um narrador que confessa tudo que importar à sua história (MACHADO, 1998, p. 102). Seus ciúmes também podem ser infundados, pois desde adolescente ele desconfiava dos meninos da rua e sentia vontade de matar Capitu por qualquer motivo: “A vontade que me dava era cravar-lhe as unhas no pescoço, enterrá-las bem, até ver sair a vida com o sangue”. (MACHADO, 1998, p.109). Pensamento muito agressivo para um menino que se mostra como vítima ao longo da narração.
A construção da personagem na segunda parte da obra
Na segunda parte, Capitu passa de mulher decisiva a submissa. É aqui que ela torna-se objeto de Bento, garoto mimado, sagaz e rico. Na primeira parte da obra ela não aceitava a posição que a sociedade da época colocava a mulher no âmbito profissional. No entanto, não temos indícios que após seu casamento ela tenha tido algum profissão. Segundo Ingrid Stein:
...as informações que ele enumera sobre a personalidade, o caráter da esposa são truncadas e contraditórias. Apresentada como pessoa ativa, empenhada em defender seus interesses, astuciosa, e mostrada em cenas na infância e juventude que realmente comprovam, vemo-la depois do casamento mais como esposa meiga, carinhosa e cordata. (Figuras Femininas em Machado de Assis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984).
Capitu era aqui o objeto tão desejado por Bento Santiago. Ele mesmo afirma que não tinha prazer em sair com ela por que amava-a, mas em mostrá-la, como posse, a toda a sociedade: “Inventava passeios para que me vissem, me confirmassem e me invejassem”. (MACHADO, 1998, p. 138).
Por fim ele dá um jeito de livrar-se de Capitu, mandando-a para outro país, humilhando-a, obrigando-a a viver longe da pessoa que tanto amou-o e que ao fim da vida, por causa de um ciúme infundado, matou aos poucos a mulher que um dia ele tanto “fingiu amar”.
Considerações finais
Capitu, que por tantos anos foi uma mulher decidida, acaba por ser julgada e condenada, já que Bento era advogado, por um crime que talvez não tenha cometido. Acaba só em outro país implorando pela visita do marido, mas este não atendera.
Tantas têm sido as interpretações sobre esta personagem: “Não espanta, portanto, que a personagem pareça o que há de mais vivo no romance; e que a leitura dependa basicamente da aceitação da verdade da personagem por parte do leitor” (ROSENFELD org., A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2002). Assim, Capitu atravessará as gerações como uma das personagens mais enigmáticas de todos os tempos.
Referencias bibliográficas
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1998.
ROSENFELD, Anatol (org.). A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2002.
STEIN, Ingrid. Figuras Femininas em Machado de Assis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
O ROMANTISMO: LIMA ABORDAGEM DE ÈPOCA
Cristina Maria da Luz
Uma manifestação cultural em exposição a tradição neoclássica setecentista, um estilo de arte que ocorreu entre a metade do século XVIII e a metade do século XIX, com a ascensão da burguesia na França,surge uma nova arte que se enquadra com o contexto social contradizendo os padrões de três séculos passados, nasce o Romantismo,o gosto pela liberdade e a valorização do homem emotivo, intuitivo e psicológico.
As principais características românticas são: o individualismo, fuga da realidade, nacionalismo. O romantismo teve influencia como a Revolução Francesa, Revolução Industrial, com a queda do governo absolutista foi dada maior ênfase à construção artística e as pessoas cada vez mais precisavam de formação, pois o desenvolvimento da industria acelerava o capitalismo.
O movimento romântico se divide em três partes:
1ª geração – Nacionalista ou indianista;
2ª geração –Mal do século ou Ultra-romântica;
3ª geração – condoreira.
O Indianismo de “Gonçalves Dias”
Autor da 1ª geração, Gonçalves Dias se destaca no indianismo como autor e poeta que exalta o Brasil e a figura do índio, não importa onde ele estivesse, o índio sempre existia nele. No seu sentimento, na sua imaginação, a figura de um índio real que ele mesmo conheceu e não um índio do cartão-postal, na sua poesia ressalta a astúcia do nativo, a inteligência e a superioridade dos índios sobre os portugueses.
A obra indianista de Gonçalves Dias está em “ Poesias Americanas “, no 1º canto: Canção do exílio, o canto do guerreiro, o canto do piaga, a deprecação, o canto do índio. No segundo canto se encontra outro poema indianista “Tabira” e nos últimos cantos incluem o gigante de pedra, o leito das folhas verdes, O I Juca Pirama, Marabá, canção do Tamoio, a mãe d’água. Nas poesias póstumas se encontram “Poema Americano e o Índio”.
Os poemas indianistas como canção do exílio e I Juca Pirama, imortabilizaram o grande Gonçalves Dias e até hoje emocionam e estão presentes na nossa vida. Em sua poesia, ele abrange os três principais gêneros poéticos: O lírico, em o “leitor de folhas verde”, o dramático, em “ I Juca Pirama”, o épico, em Os Timbiras. O seu indianismo se realiza principalmente no “épico”, e no dramático, onde ele fala de si mesmo e não volta a sua poesia para mito. Segundo Coutinho (1999, p 79).
O indianismo três vezes autentico, o de Gonçalves Dias:
a) Pelo sangue (era filho de uma guajajara com um Português);
b) Pelo conhecimento direto dos indígenas com os quais conviveu (quando menino, nas excursões pela Amazônia ).
c) Pelos estudos que realizou.
Embora Gonçalves Dias seja um dos melhores líricos da literatura no Brasil, o que mais o destacou foi a poesia indianista, pois ele foi o único romântico que exaltou realmente o índio, a sua honra e valentia, sempre cantou seu sentimento amoroso e escreveu poesia sobre a destruição provocada pelos colonizadores brancos.
Referencias Bibliográficas.
( Coutinho Afrânio, A Literatura no Brasil, 5ª ed, São Paulo, Global – 1999.)
Cristina Maria da Luz
Uma manifestação cultural em exposição a tradição neoclássica setecentista, um estilo de arte que ocorreu entre a metade do século XVIII e a metade do século XIX, com a ascensão da burguesia na França,surge uma nova arte que se enquadra com o contexto social contradizendo os padrões de três séculos passados, nasce o Romantismo,o gosto pela liberdade e a valorização do homem emotivo, intuitivo e psicológico.
As principais características românticas são: o individualismo, fuga da realidade, nacionalismo. O romantismo teve influencia como a Revolução Francesa, Revolução Industrial, com a queda do governo absolutista foi dada maior ênfase à construção artística e as pessoas cada vez mais precisavam de formação, pois o desenvolvimento da industria acelerava o capitalismo.
O movimento romântico se divide em três partes:
1ª geração – Nacionalista ou indianista;
2ª geração –Mal do século ou Ultra-romântica;
3ª geração – condoreira.
O Indianismo de “Gonçalves Dias”
Autor da 1ª geração, Gonçalves Dias se destaca no indianismo como autor e poeta que exalta o Brasil e a figura do índio, não importa onde ele estivesse, o índio sempre existia nele. No seu sentimento, na sua imaginação, a figura de um índio real que ele mesmo conheceu e não um índio do cartão-postal, na sua poesia ressalta a astúcia do nativo, a inteligência e a superioridade dos índios sobre os portugueses.
A obra indianista de Gonçalves Dias está em “ Poesias Americanas “, no 1º canto: Canção do exílio, o canto do guerreiro, o canto do piaga, a deprecação, o canto do índio. No segundo canto se encontra outro poema indianista “Tabira” e nos últimos cantos incluem o gigante de pedra, o leito das folhas verdes, O I Juca Pirama, Marabá, canção do Tamoio, a mãe d’água. Nas poesias póstumas se encontram “Poema Americano e o Índio”.
Os poemas indianistas como canção do exílio e I Juca Pirama, imortabilizaram o grande Gonçalves Dias e até hoje emocionam e estão presentes na nossa vida. Em sua poesia, ele abrange os três principais gêneros poéticos: O lírico, em o “leitor de folhas verde”, o dramático, em “ I Juca Pirama”, o épico, em Os Timbiras. O seu indianismo se realiza principalmente no “épico”, e no dramático, onde ele fala de si mesmo e não volta a sua poesia para mito. Segundo Coutinho (1999, p 79).
O indianismo três vezes autentico, o de Gonçalves Dias:
a) Pelo sangue (era filho de uma guajajara com um Português);
b) Pelo conhecimento direto dos indígenas com os quais conviveu (quando menino, nas excursões pela Amazônia ).
c) Pelos estudos que realizou.
Embora Gonçalves Dias seja um dos melhores líricos da literatura no Brasil, o que mais o destacou foi a poesia indianista, pois ele foi o único romântico que exaltou realmente o índio, a sua honra e valentia, sempre cantou seu sentimento amoroso e escreveu poesia sobre a destruição provocada pelos colonizadores brancos.
Referencias Bibliográficas.
( Coutinho Afrânio, A Literatura no Brasil, 5ª ed, São Paulo, Global – 1999.)
A EMANCIPAÇÃO DA MULHER EM JOSÉ DE ALENCAR
Francinilda Sousa *
A mulher vem conquistando a cada dia uma posição mais relevante na sociedade, fruto de sua luta incessante pela conquista de espaços, da qual decorre a autonomia e posição significativa no contexto histórico social.
A mulher alencariana é autônoma, inteligente, bela e independente. Com isso, em Senhora, Alencar anula a condição servil imposta à mulher pela antiga sociedade patriarcalista, evidenciando um conflito entre o sistema patriarcal da época e os desejos de mudança e maior liberdade de expressão da mulher.
Aurélia representa uma figura de destaque em relação às outras mulheres de sua época. Vive além de seu tempo, os seus valores e princípios contradizem com a realidade, onde prevaleciam os ditames da sociedade machista em detrimento do reconhecimento da condição feminina.
Alencar constrói na ficção romântica uma mulher realizada, contrapondo a mulher oprimida da época, em que cujo perfil pode ser assim traçado: frágil, submissa, reprodutora e serva, o oposto de Aurélia. Como afirma Machado: “Já não se pode generalizar a classificação de serva a toda mulher da sociedade do século XX, onde ela faz conquistas dignas de admiração, principalmente por não possuir a mesma tradição de sucessos e poderios, na qual está apoiado o homem”.
O advento das ideologias românticas suscitou modificações nos paradigmas sociais do século XIX, principalmente em relação à condição feminina. A mulher passou a desempenhar novos papéis na sociedade, e a ser retratada a partir de suas peculiaridades: inteligência, autonomia, e espírito crítico.
A personagem feminina criada por Alencar é produto não da submissão ou opressão, mas da liberdade de escolha, que a transpôs da sua condição de ‘’doméstica’’e ‘’procriadora’’, para o patamar de ser social devidamente reconhecido. A mulher evoluiu para sua época e com isso não mais se encaixa no sistema moldado pela moralidade social do contexto histórico-geográfico. Conforme Novaes, (1997, p.120)
Era, todavia, a cargo delas que ficava o asseio e a limpeza da casa, a preparação dos alimentos, o comando das escravas e dos índios domésticos, além de grande parte da indústria caseira. Afinal, toda a sua educação era voltada para o casamento, para as atividades que deveriam desempenhar enquanto mães e esposas.
Em Senhora, Alencar põe em relevo a supremacia feminina. Aurélia é a representação da mulher que tem consciência se seu valor confia no potencial feminino, mesmo que intensificado por outro artifício do capitalismo. Ela faz ruir toda uma carga de restrições imposta às mulheres do seu tempo. Segundo Alencar,( 1997, p.82):
A natureza dotara Aurélia com a inteligência viva e brilhante da mulher de talento, que não se atinge ao vigoroso raciocínio do homem, tem a preciosa ductilidade de prestar-se a todos os assuntos, por mais diversos que o sejam. O que o irmão não conseguira em meses de prática, foi para ela estudo de uma semana.
AURÉLIA, ÍDOLO DOS NOIVOS
No romance Senhora, Aurélia realiza-se sentimentalmente utilizando como recurso o poder do capital, por uma questão de amor e vingança. Apesar de sua beleza e riqueza,Aurélia tinha uma única ambição:casar-se com o homem que amara para fazê-lo pagar a rejeição que sofrera no passado,quando não dispunha de dinheiro para comprar o amor de Fernando.
A jovem trata o sentimento de Fernando como algo que pudesse ser apreçado, cuja aquisição seria viável através da moeda corrente. Então, ela compra Fernando como se estivesse comercializando uma mercadoria qualquer, para que simplesmente represente o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter.Conforme Alencar,(1997,p.111): “ É tempo de concluir o mercado. Dos cem contos de réis,em que o senhor avaliou-se,já recebeu vinte;aqui tem os oitenta que faltavam.Estamos quites,e posso chamá-lo meu;meu marido,pois é este o nome de convenção”.
Nesse espaço, o homem se configura como um mero objeto, que se presta unicamente para satisfazer as vontades da mulher. A situação de subserviência que antes era imputada à mulher passou a se fazer presente no cotidiano masculino. Segundo Alencar, 1997, p.137: “A senhora comprou um marido: tem, pois o direito de exigir dele o respeito, a fidelidade, a convivência, todas as atenções e homenagens, que um homem deve a sua esposa. Até hoje...”
O dinheiro empresta a Aurélia certa superioridade e magnitude, permitindo que ela não apenas tivesse o poder de escolher o marido, mas atribuindo-lhe poderes para que estabelecesse até as regras do convívio matrimonial.
Dona de uma opinião própria e de inigualável firmeza, a personagem alencariana não se deixou influenciar pelos princípios que lhe eram impostos. Lutou por seus ideais, foi independente nas suas ações e fiel no cumprimento de suas responsabilidades. Conforme Alencar, 1997, p.103:
Sua mãe abatida pela desgraça e tolhida pela moléstia, muito fazia por todos os modos tornar-se pesada e incômoda a filha [...] o cuidado da roupa, a conta das compras diária, as contas de Emilio e outros misteres, tomavam uma parte do dia; a outra parte ia-se em trabalhos de costura.
A mulher da ficção de José de Alencar é considerada uma heroína: luta por seus ideais; tem opinião própria; ama, mas não se deixa escravizar por esse amor; e, sobretudo se coloca em posição social digna de admiração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, José de. Senhora. Rio de Janeiro: Editora ática, 1997
REIS, Carlos. O conhecimento da literatura. Coimbra: Almedina, 1996
BORGES, Valdeci Rezende. Perfis Masculinos e Femininos em “Senhora” de José de Alencar.In: http://sitemason.vanderbilt.edu/files/HPY8MM/Borges%20Valdeci%20Rezende.Pd
MACHADO, Janete Gaspar. A mulher na obra de José de Alencar. In: http://www.césarguisti. ddfnet/ufpe/ litbr2/text/Janete.pdf
NOVAES, Fernando A; org. SOUSA, Laura de Mello. História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América. São Paulo: Companhia das Letras, 1997
Francinilda Sousa *
A mulher vem conquistando a cada dia uma posição mais relevante na sociedade, fruto de sua luta incessante pela conquista de espaços, da qual decorre a autonomia e posição significativa no contexto histórico social.
A mulher alencariana é autônoma, inteligente, bela e independente. Com isso, em Senhora, Alencar anula a condição servil imposta à mulher pela antiga sociedade patriarcalista, evidenciando um conflito entre o sistema patriarcal da época e os desejos de mudança e maior liberdade de expressão da mulher.
Aurélia representa uma figura de destaque em relação às outras mulheres de sua época. Vive além de seu tempo, os seus valores e princípios contradizem com a realidade, onde prevaleciam os ditames da sociedade machista em detrimento do reconhecimento da condição feminina.
Alencar constrói na ficção romântica uma mulher realizada, contrapondo a mulher oprimida da época, em que cujo perfil pode ser assim traçado: frágil, submissa, reprodutora e serva, o oposto de Aurélia. Como afirma Machado: “Já não se pode generalizar a classificação de serva a toda mulher da sociedade do século XX, onde ela faz conquistas dignas de admiração, principalmente por não possuir a mesma tradição de sucessos e poderios, na qual está apoiado o homem”.
O advento das ideologias românticas suscitou modificações nos paradigmas sociais do século XIX, principalmente em relação à condição feminina. A mulher passou a desempenhar novos papéis na sociedade, e a ser retratada a partir de suas peculiaridades: inteligência, autonomia, e espírito crítico.
A personagem feminina criada por Alencar é produto não da submissão ou opressão, mas da liberdade de escolha, que a transpôs da sua condição de ‘’doméstica’’e ‘’procriadora’’, para o patamar de ser social devidamente reconhecido. A mulher evoluiu para sua época e com isso não mais se encaixa no sistema moldado pela moralidade social do contexto histórico-geográfico. Conforme Novaes, (1997, p.120)
Era, todavia, a cargo delas que ficava o asseio e a limpeza da casa, a preparação dos alimentos, o comando das escravas e dos índios domésticos, além de grande parte da indústria caseira. Afinal, toda a sua educação era voltada para o casamento, para as atividades que deveriam desempenhar enquanto mães e esposas.
Em Senhora, Alencar põe em relevo a supremacia feminina. Aurélia é a representação da mulher que tem consciência se seu valor confia no potencial feminino, mesmo que intensificado por outro artifício do capitalismo. Ela faz ruir toda uma carga de restrições imposta às mulheres do seu tempo. Segundo Alencar,( 1997, p.82):
A natureza dotara Aurélia com a inteligência viva e brilhante da mulher de talento, que não se atinge ao vigoroso raciocínio do homem, tem a preciosa ductilidade de prestar-se a todos os assuntos, por mais diversos que o sejam. O que o irmão não conseguira em meses de prática, foi para ela estudo de uma semana.
AURÉLIA, ÍDOLO DOS NOIVOS
No romance Senhora, Aurélia realiza-se sentimentalmente utilizando como recurso o poder do capital, por uma questão de amor e vingança. Apesar de sua beleza e riqueza,Aurélia tinha uma única ambição:casar-se com o homem que amara para fazê-lo pagar a rejeição que sofrera no passado,quando não dispunha de dinheiro para comprar o amor de Fernando.
A jovem trata o sentimento de Fernando como algo que pudesse ser apreçado, cuja aquisição seria viável através da moeda corrente. Então, ela compra Fernando como se estivesse comercializando uma mercadoria qualquer, para que simplesmente represente o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter.Conforme Alencar,(1997,p.111): “ É tempo de concluir o mercado. Dos cem contos de réis,em que o senhor avaliou-se,já recebeu vinte;aqui tem os oitenta que faltavam.Estamos quites,e posso chamá-lo meu;meu marido,pois é este o nome de convenção”.
Nesse espaço, o homem se configura como um mero objeto, que se presta unicamente para satisfazer as vontades da mulher. A situação de subserviência que antes era imputada à mulher passou a se fazer presente no cotidiano masculino. Segundo Alencar, 1997, p.137: “A senhora comprou um marido: tem, pois o direito de exigir dele o respeito, a fidelidade, a convivência, todas as atenções e homenagens, que um homem deve a sua esposa. Até hoje...”
O dinheiro empresta a Aurélia certa superioridade e magnitude, permitindo que ela não apenas tivesse o poder de escolher o marido, mas atribuindo-lhe poderes para que estabelecesse até as regras do convívio matrimonial.
Dona de uma opinião própria e de inigualável firmeza, a personagem alencariana não se deixou influenciar pelos princípios que lhe eram impostos. Lutou por seus ideais, foi independente nas suas ações e fiel no cumprimento de suas responsabilidades. Conforme Alencar, 1997, p.103:
Sua mãe abatida pela desgraça e tolhida pela moléstia, muito fazia por todos os modos tornar-se pesada e incômoda a filha [...] o cuidado da roupa, a conta das compras diária, as contas de Emilio e outros misteres, tomavam uma parte do dia; a outra parte ia-se em trabalhos de costura.
A mulher da ficção de José de Alencar é considerada uma heroína: luta por seus ideais; tem opinião própria; ama, mas não se deixa escravizar por esse amor; e, sobretudo se coloca em posição social digna de admiração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, José de. Senhora. Rio de Janeiro: Editora ática, 1997
REIS, Carlos. O conhecimento da literatura. Coimbra: Almedina, 1996
BORGES, Valdeci Rezende. Perfis Masculinos e Femininos em “Senhora” de José de Alencar.In: http://sitemason.vanderbilt.edu/files/HPY8MM/Borges%20Valdeci%20Rezende.Pd
MACHADO, Janete Gaspar. A mulher na obra de José de Alencar. In: http://www.césarguisti. ddfnet/ufpe/ litbr2/text/Janete.pdf
NOVAES, Fernando A; org. SOUSA, Laura de Mello. História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América. São Paulo: Companhia das Letras, 1997
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
José de Alencar - parte1 at Listal

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