Andréa de Carvalho Oliveira*
Resumo: A personagem é o elemento vivo de uma narrativa. Comumente é uma pessoa, mas pode ser um animal, uma boneca e o que mais a imaginação do artista inventar. Existem personagens tanto em obras ficcionais como não-ficcionais, assim como o termo se aplica não apenas à literatura, como também ao cinema, teatro, dança, história em quadrinhos e outros.
Palavras-chave: personagem, leitura.
Geralmente, quando lemos um romance, fica a impressão de alguns fatos organizados em enredo e de uma personagem que vive estes fatos. É uma impressão praticamente que não pode ser dividida: quando pensamos no enredo, logo pensamos nas personagens, quando pensamos nestas, pensamos simultaneamente na vida em que vivem, nos problemas que se enredam, na linha do seu destino. O enredo existe através das personagens, as personagens vivem o enredo.
A personagem vive o enredo e a idéia, e os tornam vivos. “Enredo e personagem exprimem, ligados, os intuítos do romance, a visão da vida que decorre dele, os significados e os valores que o animam”.(Candido, 2002, p 54).
Não espanta, portanto, que a personagem pareça o que há de mais vivo no romance, e que a literatura desta dependa basicamente da aceitação da verdade da personagem por parte do leitor.
O romace moderno (do século XVIII ao começo do século XX) foi no rumo de uma complicação da psicologia das personagens, dentro da inevitável simplificação técnica imposta pela necessidade de caracterização. Ao fazer isto, nada mais fez do que desenvolver e explorar uma tendência constante do romance de todos os temas, acentuada no período mensionado, isto é, tratar as personagens de dois modos principais: Como seres fáceis de serem entendidos, que sua face não muda e do início ao fim do enredo não mudam o seu modo de ser; como seres complicados semelhantes a uma pessoa, difícil de ser entendido, que à medida que o enredo segue muda seu modo de ser e agir.
No século XVIII as personagens eram chamadas de “personagens de costumes” e “personagens de natureza”, as personagens de constumes são muitos divertidas; mas podem ser muito mais bem compreendidas por um observador superficial do que as de natureza.“ A diferença entre eles é tão grande quanto a que há entre um homem que sabe como é feito um relógio e um outro que saber dizer as horas olhando para o mostrador” (Cândido, 2002, p 61).
As “personagens de costumes” são, portanto, apresentadas por meio de traços distintos, fortemente escolhidos e marcados; por meio, em suma, de tudo aquilo que os distingue visto de fora. Estes traços são fixados de uma vez pra sempre, e cada vez que a personagem surge na ação, basta invocar um deles. Como se vê, é o processo fundamental da caricatura.
As “personagens de natureza” são apresentadas, além dos traços superficiais pelo seu modo íntimo de ser, e isto impede que tenham a regularidade dos outros.“ Não são imediatamente indentificáveis, e o autor precisa, a cada mudança de seu modo de ser, lançar mão de uma caracterização diferente, geramente analítica, não pitoresca” (Cândido, 2002, p 62).
Em nosso dias, as personagens são conhecidas como “personagens planas” e “personagens redondas”. As personagens planas eram chamadas temperamentos no século XVII e são por vezes chamadas tipos, por vezes caricaturas, na sua forma mais pura, são construídas em torno de uma única idéia ou qualidade; quando há mais de um fator nele, temos o começo de uma curva em direção á esfera. Personagens planos não são muito diferentes duma mobília, e não deve ser. Eles fazem exatamente aquilo que se espera deles e nada mais.
As personagens redondas não são claramente definidas, mas concluímos que as suas caractetísticas se reduzem essencialmente ao fato de terem três, e não duas duas dimensões; de serem, portanto, organizadas com maior complexidade e, em consequência, capazes de nos surpreender. A prova de uma personagem redonda é a sua capacidade de nos surpreender de maneira convincente. Esse tipo de personagem é, como a maioria das pessoas reais, complexa. Elas possuem mais de uma dimensão. Geralmente, isso resulta em contradições internas nestes personagens.Na verdade, uma personagem é redondo se ele ou ela puder fazer algo que ninguém imagine que ela possa fazer.
No entanto, a personagem é sempre um ser que domina no hemisfério do imaginário, apresentado por um ator real que salienta e evidencia alguns aspectos visuais e auditivos da figura que pretende representar, acabando por lhe dar poderes que confundem, muitas vezes, o leitor ou espectador, ou seja, discernir a verdade a partir da qual a personagem foi criada e o espaço que domina , é muitas vezes uma tarefa árdua.
A personagem acaba por ser uma figura coerente, uma vez que é criada a partir da observação do real, como tal, quem a cria pode atribuir-lhe um caráter rico e exemplar, uma vez que a sua esfera de ação, os seus atos são sempre limitados pelo mundo imaginário onde a ação se desenrola pela pena de quem a cria. Ficcionalmente as personagens são mais ricas que as pessoas reais, uma vez que neste domínio, as últimas são de menos importância.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Antonio, Candido, A personagem de Ficção. 10ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2002.
Brait, Beth, A personagem. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1998.
Resumo: A personagem é o elemento vivo de uma narrativa. Comumente é uma pessoa, mas pode ser um animal, uma boneca e o que mais a imaginação do artista inventar. Existem personagens tanto em obras ficcionais como não-ficcionais, assim como o termo se aplica não apenas à literatura, como também ao cinema, teatro, dança, história em quadrinhos e outros.
Palavras-chave: personagem, leitura.
Geralmente, quando lemos um romance, fica a impressão de alguns fatos organizados em enredo e de uma personagem que vive estes fatos. É uma impressão praticamente que não pode ser dividida: quando pensamos no enredo, logo pensamos nas personagens, quando pensamos nestas, pensamos simultaneamente na vida em que vivem, nos problemas que se enredam, na linha do seu destino. O enredo existe através das personagens, as personagens vivem o enredo.
A personagem vive o enredo e a idéia, e os tornam vivos. “Enredo e personagem exprimem, ligados, os intuítos do romance, a visão da vida que decorre dele, os significados e os valores que o animam”.(Candido, 2002, p 54).
Não espanta, portanto, que a personagem pareça o que há de mais vivo no romance, e que a literatura desta dependa basicamente da aceitação da verdade da personagem por parte do leitor.
O romace moderno (do século XVIII ao começo do século XX) foi no rumo de uma complicação da psicologia das personagens, dentro da inevitável simplificação técnica imposta pela necessidade de caracterização. Ao fazer isto, nada mais fez do que desenvolver e explorar uma tendência constante do romance de todos os temas, acentuada no período mensionado, isto é, tratar as personagens de dois modos principais: Como seres fáceis de serem entendidos, que sua face não muda e do início ao fim do enredo não mudam o seu modo de ser; como seres complicados semelhantes a uma pessoa, difícil de ser entendido, que à medida que o enredo segue muda seu modo de ser e agir.
No século XVIII as personagens eram chamadas de “personagens de costumes” e “personagens de natureza”, as personagens de constumes são muitos divertidas; mas podem ser muito mais bem compreendidas por um observador superficial do que as de natureza.“ A diferença entre eles é tão grande quanto a que há entre um homem que sabe como é feito um relógio e um outro que saber dizer as horas olhando para o mostrador” (Cândido, 2002, p 61).
As “personagens de costumes” são, portanto, apresentadas por meio de traços distintos, fortemente escolhidos e marcados; por meio, em suma, de tudo aquilo que os distingue visto de fora. Estes traços são fixados de uma vez pra sempre, e cada vez que a personagem surge na ação, basta invocar um deles. Como se vê, é o processo fundamental da caricatura.
As “personagens de natureza” são apresentadas, além dos traços superficiais pelo seu modo íntimo de ser, e isto impede que tenham a regularidade dos outros.“ Não são imediatamente indentificáveis, e o autor precisa, a cada mudança de seu modo de ser, lançar mão de uma caracterização diferente, geramente analítica, não pitoresca” (Cândido, 2002, p 62).
Em nosso dias, as personagens são conhecidas como “personagens planas” e “personagens redondas”. As personagens planas eram chamadas temperamentos no século XVII e são por vezes chamadas tipos, por vezes caricaturas, na sua forma mais pura, são construídas em torno de uma única idéia ou qualidade; quando há mais de um fator nele, temos o começo de uma curva em direção á esfera. Personagens planos não são muito diferentes duma mobília, e não deve ser. Eles fazem exatamente aquilo que se espera deles e nada mais.
As personagens redondas não são claramente definidas, mas concluímos que as suas caractetísticas se reduzem essencialmente ao fato de terem três, e não duas duas dimensões; de serem, portanto, organizadas com maior complexidade e, em consequência, capazes de nos surpreender. A prova de uma personagem redonda é a sua capacidade de nos surpreender de maneira convincente. Esse tipo de personagem é, como a maioria das pessoas reais, complexa. Elas possuem mais de uma dimensão. Geralmente, isso resulta em contradições internas nestes personagens.Na verdade, uma personagem é redondo se ele ou ela puder fazer algo que ninguém imagine que ela possa fazer.
No entanto, a personagem é sempre um ser que domina no hemisfério do imaginário, apresentado por um ator real que salienta e evidencia alguns aspectos visuais e auditivos da figura que pretende representar, acabando por lhe dar poderes que confundem, muitas vezes, o leitor ou espectador, ou seja, discernir a verdade a partir da qual a personagem foi criada e o espaço que domina , é muitas vezes uma tarefa árdua.
A personagem acaba por ser uma figura coerente, uma vez que é criada a partir da observação do real, como tal, quem a cria pode atribuir-lhe um caráter rico e exemplar, uma vez que a sua esfera de ação, os seus atos são sempre limitados pelo mundo imaginário onde a ação se desenrola pela pena de quem a cria. Ficcionalmente as personagens são mais ricas que as pessoas reais, uma vez que neste domínio, as últimas são de menos importância.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Antonio, Candido, A personagem de Ficção. 10ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2002.
Brait, Beth, A personagem. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1998.
Um comentário:
O artigo mostra os tipos de personagens e como identifica-los.
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