terça-feira, 25 de novembro de 2008
Excelente e intrigante história. Também bastante detalhada e com um final de fechar o livro com chave-de-ouro : "esposa e amigo tiveram o mesmo destino e enganaram a Bentinho". Eu acredito na traição de ambos-Escobar e Capitu-vamos e convenhamos que ela era uma sapeca, com tais olhos de ressaca, tais tão clássicos, que também é o detalhe que muito se destaca nesta história, os tais, tão conhecidos olhos de ressaca de Capitu.
Maria Railma*
RESUMO: O presente trabalho trás uma pequena dissertação de como se dá a construção da personagem Capitu na obra Dom Casmurro. A princípio tem-se uma jovem determinada que sabe tomar decisões adultas, mas que, a partir da segunda parte da obra, passa a ser controlada e presa pelos ciúmes doentios de Bento Santiago, que a apresenta como uma mulher adúltera, que, segundo ele, o traiu com seu melhor amigo, Escobar.
PALAVRAS-CHAVE: Bentinho, Capitu, Escobar, Narrador.
Algumas considerações sobre a obra
Dom Casmurro foi publicado em 1899, quando começou a circular em sua forma completa e não mais em periódicos, como as outras obras de Machado de Assis. É uma obra que tem levantado várias críticas e hipóteses. Elas vão desde a “dissimulação” de Capitu, a não aceitação da traição da mesma.
A narrativa acontece dos fatos ocorridos no passado para o que está acontecendo com o narrador no presente, em que Bento Santiago conta sua infância e velhice. Todo o enredo gira, aparentemente, em torno de um triângulo amoroso – Bento – Capitu – Escobar. Pela fala do narrador-personagem é que conhecemos todos os outros personagens, inclusive Capitu, da qual falaremos mais à frente.
Na primeira parte da obra ele narra como surgiu a idéia de dar o nome de Dom Casmurro à sua narrativa. No primeiro capítulo já deixa uma pista do narrador que irá contar a história: alguém fechado, “chato”, e que gosta de dar ordens: “Não consultes dicionário”. Ou seja, para que soubéssemos apenas por sua ótica o que era o significado da palavra.
Esta também é a parte em que ele descreve sua família, o desejo de sua mãe de enviá-lo a um Seminário, pois esta era uma promessa de quando ele nasceu. Fala de D. Glória, sua alma caridosa: “Minha mãe era boa criatura” (MACHADO, 1998, p.21). Descreve o criado José Dias, que serviu de elo entre ele e Capitu em suas peripécias românticas.
Narra desde o início do namoro, sua ida ao seminário, o encontro com seu amigo Escobar, seu casamento, o nascimento do tão sonhado filho, até a possível traição e sua reclusão em uma casa com apenas um criado. São capítulos recheados de mistérios, dúvidas, pistas falsas, possíveis mentiras, enfim, uma obra perfeita construída por um dos maiores escritores que o país já teve.
Uma viagem por Capitu
O capítulo treze é primeira parte em que o leitor tem contato mais direto com a personagem, tanto que ele é intitulado “Capitu”. Aqui, a figura feminina dela começa a ser construída – ou melhor dizendo, “destruída”. A princípio, tem-se um rapazote – Bentinho – que treme ao ouvir a voz de sua amada.
A primeira impressão que o narrador nos dá é de uma menina desobediente, pois não atende ao chamado de sua mãe. É neste capítulo que o narrador deixa transparecer, propositalmente, o primeiro ato de “dissimulação” de Capitu, pois ela consegue disfarçar, correr e apagar o nome deles dois que ela havia riscado na parede.
Quando ele diz: “Todo eu era olhos e coração” (MACHADO, 1998, p. 29), mas em seguida dá ênfase ao “tudo eram olhos”, já que em seguida faz a descrição física de Capitu, confirmando que ele a discava como um objeto sexual, e não como uma pessoa que pudesse completá-lo.
No capítulo quatorze, ele a descreve como uma “analfabeta”, boba, que era inferior a ele. Esta afirmação pode parecer absurda, mas ele confirma isto quando diz:
Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e a adolescente conhecia as regras de escrever, sem suspeitar as do amar, tinha orgias de Latim e era virgem de mulher. (MACHADO, 1998, p. 31).
No trecho a cima ele refere-se ao escrito que Capitu fez com o no me dos dois e aproveita para alfinetar e destacar a posição social da menina, que era inferior a dele. O que acontece também na descrição do vestido que ela usava, feito de chita, tecido usado por pessoas de poder aquisitivo inferior. Esses são detalhes que poderiam ser omitidos, mas ele faz questão de descrever para mostrar seu poderio financeiro em relação a ela.
A primeira parte faz alusão a uma menina esperta, capaz de resolver problemas que, aos olhos de Bento, pareciam sem resolução, consegue enganar a todos e se sair de qualquer situação. Tais assertivas são confirmadas pelo fato de Capitu ter aproximado de D. Glória, cuidado em suas enfermidades e fizesse com que ela mudasse de opinião acerca de um futuro casamento com Bentinho.
Mais a frente, nota-se que o narrador fala de Capitu com u ar de inveja: “...mais mulher do eu era homem” (MACHADO, 1998, p.152), descreve a curiosidade fora do comum que a mesma tinha, e faz questão de repetir o termo “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”.
Os leitores mais atentos perceberão que El não só deprecia a imagem de Capitu como da mãe da mesma: “(...) e sorriu por dissimulação( ...)” (MACHADO, 1998, p.58), referindo-se ao fato de a mãe de Capitu ter fingido não ver o beijo dos dois. Um jogo do narrador para fazer com que o leitor caia na armadilha de pensar que a dissimulação fosse passada de mãe para filha. Ele vai lançando ao longo da narrativa este tipo de pistas, para que, quando o leitor chegar ao fim da leitura, já tenha condenado Capitu, bem como toda sua família. Ao falar isto o narrador dá a entender que a família de Capitu, por ser pobre, tinha interesses que ela se casasse com alguém rico -neste caso ele-, para isto fingiam não ver qualquer “ato suspeito” da filha.
No capítulo sessenta e seis a dissimulação de Capitu vem à tona. Ele admira-se por que ela engana a todos que está feliz pela ida de Bento ao Seminário. Toda esta descrição pode ser falsa, pois não dá para confiar em um narrador que confessa tudo que importar à sua história (MACHADO, 1998, p. 102). Seus ciúmes também podem ser infundados, pois desde adolescente ele desconfiava dos meninos da rua e sentia vontade de matar Capitu por qualquer motivo: “A vontade que me dava era cravar-lhe as unhas no pescoço, enterrá-las bem, até ver sair a vida com o sangue”. (MACHADO, 1998, p.109). Pensamento muito agressivo para um menino que se mostra como vítima ao longo da narração.
A construção da personagem na segunda parte da obra
Na segunda parte, Capitu passa de mulher decisiva a submissa. É aqui que ela torna-se objeto de Bento, garoto mimado, sagaz e rico. Na primeira parte da obra ela não aceitava a posição que a sociedade da época colocava a mulher no âmbito profissional. No entanto, não temos indícios que após seu casamento ela tenha tido algum profissão. Segundo Ingrid Stein:
...as informações que ele enumera sobre a personalidade, o caráter da esposa são truncadas e contraditórias. Apresentada como pessoa ativa, empenhada em defender seus interesses, astuciosa, e mostrada em cenas na infância e juventude que realmente comprovam, vemo-la depois do casamento mais como esposa meiga, carinhosa e cordata. (Figuras Femininas em Machado de Assis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984).
Capitu era aqui o objeto tão desejado por Bento Santiago. Ele mesmo afirma que não tinha prazer em sair com ela por que amava-a, mas em mostrá-la, como posse, a toda a sociedade: “Inventava passeios para que me vissem, me confirmassem e me invejassem”. (MACHADO, 1998, p. 138).
Por fim ele dá um jeito de livrar-se de Capitu, mandando-a para outro país, humilhando-a, obrigando-a a viver longe da pessoa que tanto amou-o e que ao fim da vida, por causa de um ciúme infundado, matou aos poucos a mulher que um dia ele tanto “fingiu amar”.
Considerações finais
Capitu, que por tantos anos foi uma mulher decidida, acaba por ser julgada e condenada, já que Bento era advogado, por um crime que talvez não tenha cometido. Acaba só em outro país implorando pela visita do marido, mas este não atendera.
Tantas têm sido as interpretações sobre esta personagem: “Não espanta, portanto, que a personagem pareça o que há de mais vivo no romance; e que a leitura dependa basicamente da aceitação da verdade da personagem por parte do leitor” (ROSENFELD org., A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2002). Assim, Capitu atravessará as gerações como uma das personagens mais enigmáticas de todos os tempos.
Referencias bibliográficas
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1998.
ROSENFELD, Anatol (org.). A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2002.
STEIN, Ingrid. Figuras Femininas em Machado de Assis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
Cristina Maria da Luz
Uma manifestação cultural em exposição a tradição neoclássica setecentista, um estilo de arte que ocorreu entre a metade do século XVIII e a metade do século XIX, com a ascensão da burguesia na França,surge uma nova arte que se enquadra com o contexto social contradizendo os padrões de três séculos passados, nasce o Romantismo,o gosto pela liberdade e a valorização do homem emotivo, intuitivo e psicológico.
As principais características românticas são: o individualismo, fuga da realidade, nacionalismo. O romantismo teve influencia como a Revolução Francesa, Revolução Industrial, com a queda do governo absolutista foi dada maior ênfase à construção artística e as pessoas cada vez mais precisavam de formação, pois o desenvolvimento da industria acelerava o capitalismo.
O movimento romântico se divide em três partes:
1ª geração – Nacionalista ou indianista;
2ª geração –Mal do século ou Ultra-romântica;
3ª geração – condoreira.
O Indianismo de “Gonçalves Dias”
Autor da 1ª geração, Gonçalves Dias se destaca no indianismo como autor e poeta que exalta o Brasil e a figura do índio, não importa onde ele estivesse, o índio sempre existia nele. No seu sentimento, na sua imaginação, a figura de um índio real que ele mesmo conheceu e não um índio do cartão-postal, na sua poesia ressalta a astúcia do nativo, a inteligência e a superioridade dos índios sobre os portugueses.
A obra indianista de Gonçalves Dias está em “ Poesias Americanas “, no 1º canto: Canção do exílio, o canto do guerreiro, o canto do piaga, a deprecação, o canto do índio. No segundo canto se encontra outro poema indianista “Tabira” e nos últimos cantos incluem o gigante de pedra, o leito das folhas verdes, O I Juca Pirama, Marabá, canção do Tamoio, a mãe d’água. Nas poesias póstumas se encontram “Poema Americano e o Índio”.
Os poemas indianistas como canção do exílio e I Juca Pirama, imortabilizaram o grande Gonçalves Dias e até hoje emocionam e estão presentes na nossa vida. Em sua poesia, ele abrange os três principais gêneros poéticos: O lírico, em o “leitor de folhas verde”, o dramático, em “ I Juca Pirama”, o épico, em Os Timbiras. O seu indianismo se realiza principalmente no “épico”, e no dramático, onde ele fala de si mesmo e não volta a sua poesia para mito. Segundo Coutinho (1999, p 79).
O indianismo três vezes autentico, o de Gonçalves Dias:
a) Pelo sangue (era filho de uma guajajara com um Português);
b) Pelo conhecimento direto dos indígenas com os quais conviveu (quando menino, nas excursões pela Amazônia ).
c) Pelos estudos que realizou.
Embora Gonçalves Dias seja um dos melhores líricos da literatura no Brasil, o que mais o destacou foi a poesia indianista, pois ele foi o único romântico que exaltou realmente o índio, a sua honra e valentia, sempre cantou seu sentimento amoroso e escreveu poesia sobre a destruição provocada pelos colonizadores brancos.
Referencias Bibliográficas.
( Coutinho Afrânio, A Literatura no Brasil, 5ª ed, São Paulo, Global – 1999.)
Francinilda Sousa *
A mulher vem conquistando a cada dia uma posição mais relevante na sociedade, fruto de sua luta incessante pela conquista de espaços, da qual decorre a autonomia e posição significativa no contexto histórico social.
A mulher alencariana é autônoma, inteligente, bela e independente. Com isso, em Senhora, Alencar anula a condição servil imposta à mulher pela antiga sociedade patriarcalista, evidenciando um conflito entre o sistema patriarcal da época e os desejos de mudança e maior liberdade de expressão da mulher.
Aurélia representa uma figura de destaque em relação às outras mulheres de sua época. Vive além de seu tempo, os seus valores e princípios contradizem com a realidade, onde prevaleciam os ditames da sociedade machista em detrimento do reconhecimento da condição feminina.
Alencar constrói na ficção romântica uma mulher realizada, contrapondo a mulher oprimida da época, em que cujo perfil pode ser assim traçado: frágil, submissa, reprodutora e serva, o oposto de Aurélia. Como afirma Machado: “Já não se pode generalizar a classificação de serva a toda mulher da sociedade do século XX, onde ela faz conquistas dignas de admiração, principalmente por não possuir a mesma tradição de sucessos e poderios, na qual está apoiado o homem”.
O advento das ideologias românticas suscitou modificações nos paradigmas sociais do século XIX, principalmente em relação à condição feminina. A mulher passou a desempenhar novos papéis na sociedade, e a ser retratada a partir de suas peculiaridades: inteligência, autonomia, e espírito crítico.
A personagem feminina criada por Alencar é produto não da submissão ou opressão, mas da liberdade de escolha, que a transpôs da sua condição de ‘’doméstica’’e ‘’procriadora’’, para o patamar de ser social devidamente reconhecido. A mulher evoluiu para sua época e com isso não mais se encaixa no sistema moldado pela moralidade social do contexto histórico-geográfico. Conforme Novaes, (1997, p.120)
Era, todavia, a cargo delas que ficava o asseio e a limpeza da casa, a preparação dos alimentos, o comando das escravas e dos índios domésticos, além de grande parte da indústria caseira. Afinal, toda a sua educação era voltada para o casamento, para as atividades que deveriam desempenhar enquanto mães e esposas.
Em Senhora, Alencar põe em relevo a supremacia feminina. Aurélia é a representação da mulher que tem consciência se seu valor confia no potencial feminino, mesmo que intensificado por outro artifício do capitalismo. Ela faz ruir toda uma carga de restrições imposta às mulheres do seu tempo. Segundo Alencar,( 1997, p.82):
A natureza dotara Aurélia com a inteligência viva e brilhante da mulher de talento, que não se atinge ao vigoroso raciocínio do homem, tem a preciosa ductilidade de prestar-se a todos os assuntos, por mais diversos que o sejam. O que o irmão não conseguira em meses de prática, foi para ela estudo de uma semana.
AURÉLIA, ÍDOLO DOS NOIVOS
No romance Senhora, Aurélia realiza-se sentimentalmente utilizando como recurso o poder do capital, por uma questão de amor e vingança. Apesar de sua beleza e riqueza,Aurélia tinha uma única ambição:casar-se com o homem que amara para fazê-lo pagar a rejeição que sofrera no passado,quando não dispunha de dinheiro para comprar o amor de Fernando.
A jovem trata o sentimento de Fernando como algo que pudesse ser apreçado, cuja aquisição seria viável através da moeda corrente. Então, ela compra Fernando como se estivesse comercializando uma mercadoria qualquer, para que simplesmente represente o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter.Conforme Alencar,(1997,p.111): “ É tempo de concluir o mercado. Dos cem contos de réis,em que o senhor avaliou-se,já recebeu vinte;aqui tem os oitenta que faltavam.Estamos quites,e posso chamá-lo meu;meu marido,pois é este o nome de convenção”.
Nesse espaço, o homem se configura como um mero objeto, que se presta unicamente para satisfazer as vontades da mulher. A situação de subserviência que antes era imputada à mulher passou a se fazer presente no cotidiano masculino. Segundo Alencar, 1997, p.137: “A senhora comprou um marido: tem, pois o direito de exigir dele o respeito, a fidelidade, a convivência, todas as atenções e homenagens, que um homem deve a sua esposa. Até hoje...”
O dinheiro empresta a Aurélia certa superioridade e magnitude, permitindo que ela não apenas tivesse o poder de escolher o marido, mas atribuindo-lhe poderes para que estabelecesse até as regras do convívio matrimonial.
Dona de uma opinião própria e de inigualável firmeza, a personagem alencariana não se deixou influenciar pelos princípios que lhe eram impostos. Lutou por seus ideais, foi independente nas suas ações e fiel no cumprimento de suas responsabilidades. Conforme Alencar, 1997, p.103:
Sua mãe abatida pela desgraça e tolhida pela moléstia, muito fazia por todos os modos tornar-se pesada e incômoda a filha [...] o cuidado da roupa, a conta das compras diária, as contas de Emilio e outros misteres, tomavam uma parte do dia; a outra parte ia-se em trabalhos de costura.
A mulher da ficção de José de Alencar é considerada uma heroína: luta por seus ideais; tem opinião própria; ama, mas não se deixa escravizar por esse amor; e, sobretudo se coloca em posição social digna de admiração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, José de. Senhora. Rio de Janeiro: Editora ática, 1997
REIS, Carlos. O conhecimento da literatura. Coimbra: Almedina, 1996
BORGES, Valdeci Rezende. Perfis Masculinos e Femininos em “Senhora” de José de Alencar.In: http://sitemason.vanderbilt.edu/files/HPY8MM/Borges%20Valdeci%20Rezende.Pd
MACHADO, Janete Gaspar. A mulher na obra de José de Alencar. In: http://www.césarguisti. ddfnet/ufpe/ litbr2/text/Janete.pdf
NOVAES, Fernando A; org. SOUSA, Laura de Mello. História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América. São Paulo: Companhia das Letras, 1997
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
José de Alencar - parte1 at Listal

terça-feira, 18 de novembro de 2008
TIPOS DE PERSONAGENS
Resumo: A personagem é o elemento vivo de uma narrativa. Comumente é uma pessoa, mas pode ser um animal, uma boneca e o que mais a imaginação do artista inventar. Existem personagens tanto em obras ficcionais como não-ficcionais, assim como o termo se aplica não apenas à literatura, como também ao cinema, teatro, dança, história em quadrinhos e outros.
Palavras-chave: personagem, leitura.
Geralmente, quando lemos um romance, fica a impressão de alguns fatos organizados em enredo e de uma personagem que vive estes fatos. É uma impressão praticamente que não pode ser dividida: quando pensamos no enredo, logo pensamos nas personagens, quando pensamos nestas, pensamos simultaneamente na vida em que vivem, nos problemas que se enredam, na linha do seu destino. O enredo existe através das personagens, as personagens vivem o enredo.
A personagem vive o enredo e a idéia, e os tornam vivos. “Enredo e personagem exprimem, ligados, os intuítos do romance, a visão da vida que decorre dele, os significados e os valores que o animam”.(Candido, 2002, p 54).
Não espanta, portanto, que a personagem pareça o que há de mais vivo no romance, e que a literatura desta dependa basicamente da aceitação da verdade da personagem por parte do leitor.
O romace moderno (do século XVIII ao começo do século XX) foi no rumo de uma complicação da psicologia das personagens, dentro da inevitável simplificação técnica imposta pela necessidade de caracterização. Ao fazer isto, nada mais fez do que desenvolver e explorar uma tendência constante do romance de todos os temas, acentuada no período mensionado, isto é, tratar as personagens de dois modos principais: Como seres fáceis de serem entendidos, que sua face não muda e do início ao fim do enredo não mudam o seu modo de ser; como seres complicados semelhantes a uma pessoa, difícil de ser entendido, que à medida que o enredo segue muda seu modo de ser e agir.
No século XVIII as personagens eram chamadas de “personagens de costumes” e “personagens de natureza”, as personagens de constumes são muitos divertidas; mas podem ser muito mais bem compreendidas por um observador superficial do que as de natureza.“ A diferença entre eles é tão grande quanto a que há entre um homem que sabe como é feito um relógio e um outro que saber dizer as horas olhando para o mostrador” (Cândido, 2002, p 61).
As “personagens de costumes” são, portanto, apresentadas por meio de traços distintos, fortemente escolhidos e marcados; por meio, em suma, de tudo aquilo que os distingue visto de fora. Estes traços são fixados de uma vez pra sempre, e cada vez que a personagem surge na ação, basta invocar um deles. Como se vê, é o processo fundamental da caricatura.
As “personagens de natureza” são apresentadas, além dos traços superficiais pelo seu modo íntimo de ser, e isto impede que tenham a regularidade dos outros.“ Não são imediatamente indentificáveis, e o autor precisa, a cada mudança de seu modo de ser, lançar mão de uma caracterização diferente, geramente analítica, não pitoresca” (Cândido, 2002, p 62).
Em nosso dias, as personagens são conhecidas como “personagens planas” e “personagens redondas”. As personagens planas eram chamadas temperamentos no século XVII e são por vezes chamadas tipos, por vezes caricaturas, na sua forma mais pura, são construídas em torno de uma única idéia ou qualidade; quando há mais de um fator nele, temos o começo de uma curva em direção á esfera. Personagens planos não são muito diferentes duma mobília, e não deve ser. Eles fazem exatamente aquilo que se espera deles e nada mais.
As personagens redondas não são claramente definidas, mas concluímos que as suas caractetísticas se reduzem essencialmente ao fato de terem três, e não duas duas dimensões; de serem, portanto, organizadas com maior complexidade e, em consequência, capazes de nos surpreender. A prova de uma personagem redonda é a sua capacidade de nos surpreender de maneira convincente. Esse tipo de personagem é, como a maioria das pessoas reais, complexa. Elas possuem mais de uma dimensão. Geralmente, isso resulta em contradições internas nestes personagens.Na verdade, uma personagem é redondo se ele ou ela puder fazer algo que ninguém imagine que ela possa fazer.
No entanto, a personagem é sempre um ser que domina no hemisfério do imaginário, apresentado por um ator real que salienta e evidencia alguns aspectos visuais e auditivos da figura que pretende representar, acabando por lhe dar poderes que confundem, muitas vezes, o leitor ou espectador, ou seja, discernir a verdade a partir da qual a personagem foi criada e o espaço que domina , é muitas vezes uma tarefa árdua.
A personagem acaba por ser uma figura coerente, uma vez que é criada a partir da observação do real, como tal, quem a cria pode atribuir-lhe um caráter rico e exemplar, uma vez que a sua esfera de ação, os seus atos são sempre limitados pelo mundo imaginário onde a ação se desenrola pela pena de quem a cria. Ficcionalmente as personagens são mais ricas que as pessoas reais, uma vez que neste domínio, as últimas são de menos importância.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Antonio, Candido, A personagem de Ficção. 10ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2002.
Brait, Beth, A personagem. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1998.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Este livro tem um final feliz, onde os personagens passam por cima de todos os obstáculos, para enfim ficarem juntos. E assim também deve ser na nossa vida, sempre lutar pelo que você deseja.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
LÚCIA: ANJO OU MULHER FATAL
Cristina
Francinilda
Maria Elioneide
Railma
Resumo
Neste artigo enfocaremos as faces da mulher prostituta de José de Alencar, dando maior ênfase ao tratamento dado por ele à prostituta do século XIX, cujo perfil se distancia dos padrões de conduta e valores da sociedade brasileira. Através da personagem Lúcia, Alencar representa as contradições existentes entre essa personagem e os princípios que regiam o período em que viveu.
Palavras- chaves: Romance; prostituição; José de Alencar.
ABSTRACT
This article enfocaremos the faces of women to prostitute José de Alencar, giving In greater emphasis to the treatment given him by the prostitute of the nineteenth century, where whose profile is far standards of conduct and values of Brazilian society. Through the character Lucia, Alencar represents the contradictions between the character and principles that govern the period in which they lived.
O movimento romântico acarretou extremas transformações, principalmente no plano social. No século XIX, a literatura romântica deu maior destaque aos aspectos da realidade. Foi, nesse espaço, que José de Alencar procurou acentuar o papel social da prostituta, em pleno século XIX. Segundo Alencar, (1988, p.25):
Lúcia é a representação da prostituta que assume e tem consciência dos preconceitos sociais que se mantinha envolvida, como podemos observar no seguinte fragmento: “Que importa? Contanto que tenha gozado de minha mocidade! De que serve a velhice às mulheres como eu?”.
Costumamos ouvir, e dizer, que a prostituição é a profissão mais antiga da humanidade. No entanto, a prostituição é um fenômeno essencialmente urbano, e se apresenta como uma alternativa momentânea à quebra da disciplina, principalmente em relacionamentos que preservam esse caráter machista do poder e do sexo. Segundo Gavramic (2008):
A prostituição é o território do prazer ilegítimo na vida cotidiana, onde muitos podem revelar suas fantasias e suas identidades sexuais mesmo que temporariamente desestruturadas sem que corram o risco de terem suas identidades sociais comprometidos retornando íntegros ao lar, a família, e ao trabalho.
Lucíola é um romance urbano que tematiza a prostituição como resultante de fatores familiares e sociais. Embora se classifique como um romance romântico, nele há manifestação do estilo realista, pois nele Alencar denuncia a discriminação que a sociedade mantém em relação às mulheres que se entregaram à prostituição.
O perfil de mulher tipicamente alencariana se contrapõe entre o amor puro e virginal idealizado pelo estilo romântico e a devassidão e libertinagem do modelo realista. Logo no início da obra, Alencar caracteriza Lúcia como símbolo da mulher guerreira, decidida, uma prostituta que usufruía de todo luxo e requinte na sociedade carioca, que vivia suas noites mergulhadas em orgias. Margareth Rago (1991, p.37) diz que “A prostituta foi recoberta com múltiplas imagens, que lhe atribuíram características de independência, liberdade e poder”, como se vê na obra em estudo: Alencar (1988, p.42):
Lúcia ergueu a cabeça com orgulho satânico, levantando-se de um salto, agarrou uma garrafa de champanha, quase cheia. Quando a pousou a mesa, todo o vinho tinha lhe passado pelos lados, onde a espuma fervilhava ainda. [...] Lúcia saltava-se sobre a mesa. Arrancando uma palma de um dos jarros de flores, traçou-a nos cabelos, coroando-se de verbena como as virgens gregas. Depois agitando as longas tranças negras, que enroscaram quais serpes vivas retraiu os rins num requebro sensual.
Por se tratar de uma obra romântica, Alencar vê a prostituição de Lucíola como um meio para que se chegue a uma regeneração. Como se Lúcia fosse o objeto social do prazer e seu amor por Paulo fosse o seu objeto de purificação. Jose de Alencar quer mostrar em sua obra que todas as Lucíolas merecem ser felizes e que, portanto não são diferentes das outras mulheres da sociedade. Critica a forma preconceituosa da sociedade e ao mesmo tempo coloca a prostitua em um patamar de igualdade as demais mulheres.
No romance, a personagem Lúcia tem dupla personalidade, ora se simboliza pela pureza, ora pela devassidão. A personagem tem personalidade complexa, ela é o resultado da teoria de Rousseau: “O homem nasce bom e a sociedade o corrompe”.
Já no final da obra, Alencar apresenta Lúcia como frágil, incapaz de superar os obstáculos que a vida apresenta. Abandona a vida de luxúria e de devassidão e opta por uma vida simples, posição que uma verdadeira personagem romântica deve ter. Conforme Alencar (1988, p.110):
Lucia escondeu o rosto dos meus joelhos e emudeceu. Quando levantou a fronte, implorava com as mãos juntas o olhar súplice. O quê? O perdão de minha primeira falta? Não sei. Faltaram-me as palavras para consolar dor tão profunda: beijei Lucia na face.
Ainda, segundo Rago (1991), não foi tranqüila a relação da sociedade com a profissionalização dos ofícios e com a instituição de relações assalariadas de trabalho, ou seja, foi muito complexa a relação com a separação entre o amor desinteressado e o prazer sexual, principalmente para as mulheres. “A atração pela prostituta, que detonava modernidade, significava a total empatia do homem com o universo alucinante das mercadorias” (p. 41).
Alencar desenvolveu, na maioria dos seus romances, a idéia da mulher vista como luz que sempre desaparecia como por encanto. Ou seja, brilhava quando mocinha, e sumia quando casava. Normalmente essas mocinhas tinham entre 14 e 18 anos, mas encontramos Lúcia, que foge à regra, pois tinha vinte e um anos, mas era uma prostituta.
Lúcia foi transformada por José de Alencar em uma prostituta incomum, pois teve o direito de amar. E foi admirada por Paulo desde o primeiro instante que ele a vira. Segundo Alencar (1988, p.14):
A lua vinha assomando pelo cimo das montanhas fronteiras; descobri nessa ocasião, a alguns passos de mim, uma linda moça, que parara um instante para contemplar no horizonte as nuvens brancas esgarçadas sobre o céu azul e estrelado. Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema elegância.
Mas, vale ressaltar que Paulo não manteve suas idéias sobre Lúcia, pois nitidamente se vê a vergonha que sentiu quando Sá fez um comentário, como pode ser comprovado no trecho abaixo. Conforme Alencar (1988, p.15):
Compreendi e corei de minha simplicidade provinciana, que confundira a máscara hipócrita do vício com o modesto recato da inocência. Só então notei que aquela moça estava só, e que a ausência do pai, de um marido ou de um irmão, devia-me ter feito suspeitar a verdade.
Desejo e prazer eram despertados nos homens, pela prostituta, instinto os quais não se misturavam aos sentimentos. Considera-se, assim que o sentimento de Paulo, despertado por Lúcia, fugia a esse estereótipo, pois aparecia como frágil diante de Lúcia e dividido pelos pensamentos convencionais que o assolavam: Segundo Alencar (1988, p.19):
No Brasil não há, segundo Pereira (1976) uma autêntica discriminação contra a prostituição, como não há contra o negro. Então, na realidade, ela não se sente isolada socialmente. Pode viver uma vida familiar e social, bem aproximada da normal, desde que se libere da carga criminógena que conduz consigo, em face de suas intimas relações com o meio marginal, que a parasita ou escraviza. Não seria fácil descarregar essa carga negativa em uma mulher fraca e quase sempre ignorante.
Quanto a Lúcia, esta sempre teve consciência da vida que levava, pois todas as suas fases eram lembradas e guardadas com verdade: a pureza da infância; o sacrifício da honra à saúde do pai; a brutalidade fria com que é violada condiciona toda sua vida. A lembrança de uma inocência perdida é não apenas possibilidade permanente duma pureza futura, mas a própria razão de sua repugnância à prostituta.
A devassidão como domava os amantes se contrapunha à pureza de sentimentos que por vezes assolavam seu coração, arrebatado por paixões, por vezes impossíveis, o que era totalmente contrário às leis da prostituição. Por outras palavras, a sua sensualidade desenfreada nos parece como meio de sofrimento para abrandar a culpa, renovando incessantemente as oportunidades de auto punição.
Assim, por sua pureza de alma e de sentimento, se transforma em uma mulher angelical, mas por sua beleza e sedução é marcada por uma vida de luxúria e devassidão. Em meio a tanta contraposição, Alencar vê na sua morte a sua redenção e única forma de se libertar de uma sociedade tão injusta.
Referencias bibliográficas
ALENCAR , José. Lucíola.São Paulo: Ática, 1988.
GAVRANIC, Arlete Mª Girello Tavares. Prostituição. INSTITUTO ISEXP: Instituto Brasileiro Interdisciplinar de sexologia e medicina Psicossomática..In:http:// www.isexp.com.br Acesso em out/2008.
PEREIRA, Armando. Prostituição: uma visão global. 2ed. Rio de Janeiro: Pallas, 1976. .
RAGO, Margareth. Os prazeres da noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo, 1890-1930. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
O NARRADOR PERSONAGEM DE DOM CASMURRO
Maria Elioneide de Sousa
A obra Dom Casmurro relata a história de Bentinho e Capitu, personagens principais, que crescem juntos e desenvolvem um afeto amoroso um pelo o outro. Entretanto, a mãe de Bentinho queria que o mesmo se tornasse padre. A sorte dos mesmos se deu pela interferência de José Dias junto à mãe do menino. Casam-se e se não fosse à amizade de Sancha e Escobar, suas vidas seriam tediosas, ate que nasce um filho, Ezequiel, que a princípio lhe traz alegrias e mais tarde torna-se o motivo de suas frustrações.
Palavra chave – Casmurro, Bentinho, Capitu, Ciúmes, adultério, Dissimulação.
... A imaginação foi companheira de toda minha existência.
Dom casmurro.
Importa lembrar que o narrador é, de fato uma invenção do autor; responsável de um ponto de vista genérico pelo narrador. E, na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis temos o tipo de narrador-personagem que conta a história em 1ª pessoa da qual participa também como personagem. Ele tem uma relação íntima com os outros elementos da narrativa. Sua maneira de contar é fortemente marcada por características subjetivas, emocionais.
Essa proximidade com o mundo narrado revela fatos e situações que um narrador de fora não poderia conhecer, essa proximidade faz também com que a narrativa seja parcial, impregnada pelo ponto de vista do narrador.
Dom Casmurro é um romance de cunho moralista, narrado em 1ª pessoa, onde o personagem narrador tenta persuadir o leitor da verdade a respeitos dos fatos por ele relatados.
Desde o principio do livro, o narrador se apresenta como detentor da verdade, tentando privar o leitor de reflexões que venham a questionar o mesmo no decorrer da narrativa. Trata-se de uma das artimanhas do narrador a conduzir o leitor a enxergar e interpretar os fatos através dos olhos do próprio narrador. Segundo Marta de Sena (1998), “Verifiquemos estar lidando com narrador dissimulado que desorienta deliberadamente o leitor, conduzindo-o por pistas falsas”.
Criando um mundo ilusório, o narrador deixa-se levar pela imaginação: “a imaginação foi companheira de toda a minha existência... (Assis, 1996, cap. Xl)” este fragmento mostra a incredibilidade dos fatos por ele enfocados, onde transparece que este fantasia os fatos de acordo com a sua suposta realidade.
O narrador, ao mesmo tempo em que ordena o leitor, com o propósito de manipulá-lo e assim atingir seus objetivos, mostra um bajular do narrador em relação ao leitor. Não que isso faça com que o leitor acredite fielmente nas suas palavras, mas que aceite sem questionamento suas idéias, pode-se perceber isto nos seguintes argumentos: “não consultes dicionários Casmurro não está no sentido que eles lhes dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo” (Assis, 1996, cap. I); “Pois, senhor não consegue recompor o que foi, nem o que fui” (Assis, 1996, cap. II)”. Por outro lado leitor amigo, nota que eu queria levantar suspeitas de cima de Capitu.” (Assis, 1996, cap. XLI). Tais bajulações fazem com que o leitor aceite sem questionar as idéias postas pelo mesmo.
Quando essas estratégias não são suficiente ele lança mão de uma outra estratégia, na cabeça do leitor conceitos repetitivos, para que o mesmo não desvie sua linha de pensamento para outro prisma: “Há conceitos que devem incutir na alma do leitor à forca de repetição”. (Assis, 1996, cap. XXXI). Apesar de ser um narrador que se deixe levar pela ilusão de seus pensamentos, ele é muito astuto, após formar a consciência descontinua do seu discurso, induz o leitor a preencher as lacunas, pois como diz o mesmo, “tudo se pode meter nos livros omisso”. (Assis, 1996, cap. LIX).
É o tipo de narrador que cria dentro de uma determinada situação, interpretações falsas ou, no mínimo, imprecisas, que tenta nos levar a acreditar nelas como sendo verdadeiras, a cerca do suposto adultério de Capitu, podemos comprovar este caráter no seguinte fragmento: “Capitu olho tão fixo não apaixonadamente fixa, que não admite lhe saltarem algumas lágrimas poucas e caladas” (Assis, 1996, cap. LXXII). É neste momento que ele tem a certeza do adultério.
BIBLIOGRAFIA
ASSIS, Machado. Dom Casmurro, Coleção Prestígio, 33 ed, Rio de Janeiro: Ediouro, 1996.
SENA, Marta de. O Olhar Oblico do Bruxo: Ensaios em torno de Machado de Assis.
REGIS, Carlos Lopes, Ana Cristina M. Dicionário de Teoria Narrativa. São Paulo: Ática, 1988.